sábado, 9 de agosto de 2008

Nada será como antes!

O DCE


DCE
significa Diretório Central dos Estudantes; ou seja, é uma entidade dos estudantes: ele se submete à vontade dos estudantes, sua diretoria é composta e eleita pelos estudantes e só existe para ajudar a organizar a luta dos estudantes e representa-los no momento em que isso for necessário. Ou seja, o DCE é um instrumento de luta dos estudantes, assim como os Grêmios, Centros Acadêmicos, Diretórios Acadêmicos, etc. mas representa os estudantes de todos os campi da UERJ, inclusive os estudantes do Colégio de Aplicação (CAP-UERJ)

Não são os diretores eleitos que mandam no DCE: quem determina as coisas nela são os estudantes que participam de seus fóruns e é papel da diretoria também garantir essa participação, seja mobilizando, seja garantindo os fóruns que existem para isso.

Nós somos a gestão “Nada Será Como Antes!” do DCE-UERJ, eleita em Junho desse ano pelos estudantes. Somos uma gestão nova e que quer mudar a cara da UERJ. Durante muito tempo o DCE esteve afastado dos estudantes servindo como correia de transmissão da reitoria. Além disso, a situação da UERJ também nos irritava profundamente, pois, governo após governo e reitoria após reitoria, a situação só piorava e as mentiras só aumentavam. Nos demos a tarefa de mudar o DCE, traze-lo de volta a nós estudantes, e lutar para defender a UERJ da privatização e dos projetos que põem em risco a qualidade do ensino, além de lutar para melhora-la.

Nossa chapa não surgiu do além: é uma chapa dos vários setores do movimento estudantil de esquerda da universidade que perceberam que a divisão que existia só atrapalhava a luta dos estudantes e que, apesar das diferenças que existem e devem ser respeitadas, era necessário unir esses diversos movimentos numa atuação comum.

Esse processo formou o Fórum de Esquerda, que chamou a construção da nossa chapa. Durante sua formação, a chapa juntou ainda mais estudantes e movimentos interessados em transformar o DCE e a Universidade.

Esse Fórum também foi muito inspirado nas grandes lutas que aconteceram no final de 2007 e início de 2008, e que apareceram bastante na mídia (Greve e Ocupação da Reitoria da USP e da UnB, Ocupação na reitoria da UFJF, FSA, UFRJ, etc.), o chamado novo movimento estudantil. Esse novo movimento, para nós, é uma grande fonte de inspiração e achamos que suas práticas, princípios e bandeiras têm que ser trazidas para a UERJ.


O Novo Movimento Estudantil

Essas lutas e esse novo movimento trazem como valores a independência em relação a governos e reitorias, a autonomia em relação a partidos políticos, a mais plena democracia na participação dos estudantes, a luta direta como meio de conquistar as suas bandeiras (e não negociatas a portas fechadas ou submissão), além da unificação de todos os setores que compartilham desses princípios. Achamos que esses valores devem fazer parte do movimento estudantil da UERJ.

A Luta do Novo Movimento Estudantil

Esse movimento também tem como marca a luta pela universidade pública, gratuita, democrática e de qualidade.

Nos processos de luta do ano passado e desse ano, os estudantes estavam se mobilizando, com ampla participação e apoio do conjunto dos estudantes das universidades, contra várias medidas dos governos e reitorias que levavam a universidade no sentido contrário daquilo.

Lutavam, como na UFRJ, contra o Reuni, projeto que visa transformar a universidade numa fábrica de mão-de-obra barata, submetendo a universidade ao interesse do mercado, através da criação dos Ciclos Básicos, que misturam vários cursos por grandes áreas do conhecimento sem direito a projetos de pesquisa (por exemplo, misturando Geografia, Geologia etc. num cursão de Ciências da Terra, com menos tempo de curso e sem qualquer aprofundamento, como acontece na UFRJ, ou até fazendo cursos de “Humanidades”, “Ciências Exatas”, etc.) e quem quiser ter acesso a um ensino de qualidade, terá de passar por um segundo processo seletivo para entrar numa pós-graduação dos cursos específicos, como existem hoje. Esse projeto, por isso, ataca o caráter público e de qualidade da universidade. Na UERJ, nossa reitoria, co-autora do Reuni, só de começo, já propõe o Ciclo Básico no IFCH (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, que tem os cursos de História, Filosofia e Ciências Sociais).

Lutavam, como na UnB, contra o Projeto das Fundações, projeto que privatiza a universidade e a saúde, impondo à universidade o financiamento privado. Esse financiamento faz com que as empresas passem a mandar no ensino, na pesquisa e na extensão universitárias, afastando ela das necessidades da população de conjunto, ignorando a vontade de professores, servidores e estudantes e, muitas vezes, como na UFMG, impõem taxas para que os estudantes possam estudar. Na UFMG, essa taxa é de 200 reais por semestre, sem direito a parcelamento. Esse projeto acaba com o caráter público, gratuito, democrático e de qualidade da universidade. Na UERJ, já existe o NUSEG e o CEPUERJ que já são parte da privatização da universidade, mas também há um projeto antigo e que nossa reitoria quer implementar: o da Fundação UERJ e a fundação no HUPE (Hospital Universitário Pedro Ernesto).

Lutavam também, como na USP, pela democracia na universidade. Esses dois projetos foram orientados pelos governos e reitorias, mas aprovados nos conselhos superiores da universidade, o Consuni (Conselho Universitário, que decide temas administrativos e políticos da universidade) e o CSEPE (Conselho Superior de Ensino Pesquisa e Extensão, que decide temas acadêmicos da universidade). Nesses conselhos, a representação estudantil não passa de 15% dos conselheiros. A maioria deles são professores e muitos indicados pela própria reitoria. É um espaço em que nós estudantes não temos poder algum. E foi nesses conselhos que esses projetos foram aprovados. A luta dos estudantes também era por maior democracia nesses espaços, para que nós estudantes possamos também decidir sobre os rumos da universidade em que estudamos. Na UERJ, os representantes estudantis também são cerca de 15% dos conselhos e os golpes são bastante comuns.

O Novo Movimento Estudantil Na UERJ

Essas lutas, na nossa opinião, são lutas importantíssimas e que devem ser entendidas como parte das nossas também, por que, como dá para perceber, têm tudo a ver com a nossa realidade. Nossa reitoria é aliada do governo federal e o do governo estadual, assim como da Direção Majoritária da UNE (União Nacional dos Estudantes), que estiveram não só indo contra os estudantes em luta, inclusive fisicamente, como também implementando os projetos desses governos.

A vitória da nossa chapa, Nada Será Como Antes! faz parte desse novo momento que vive o movimento estudantil no país inteiro e obra dos esforços e do trabalho militante de todos os ativistas sinceros da UERJ. Por isso, achamos que esse novo momento não tem que esperar para chegar aqui: ele já chegou!

Venha conosco construir a resistência de que precisamos para evitar que a educação pública seja derrotada e que a UERJ caia como seus pedaços. Venha Conosco Construir o Novo Movimento Estudantil da UERJ!

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